terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Mudanças

Escorada naquele balcão, com aquelas luzes, álcool correndo rápido nas veias e aquele cara ali bem na sua frente, te dizendo coisas estimulantes e sedutoras, ela lembrou de um tempo em que esse era o habitual, essa era uma boa noite. Ela costumava sair sozinha, ou  com poucas amigas, afinal de contas, sempre desconfiou de amizades femininas, e gostava de provar pra si mesma que ela ainda era uma mulher interessante, que era questão de opção e não de obrigação, estar solteira. Era esse status que demonstrava o quanto ela era independente, moderna e segura. E ficava com quantos ela quisesse, as vezes passava da contas, outras tantas somente apreciava esse poder de sedução que as mulheres costumam carregar, que exala nos olhos, no corpo. E isso era bom.

Mas naquela noite, a única coisa que ela conseguia fazer, era pensar naquele cara que a aguardava na mesa, aquele cara que fez com que ela desejasse largar esse passado. Que a fez entender que aquele tempo já não fazia sentido mais, que agora estava na hora dela pensar em sonhos, em planos, em futuro. E todas essas coisas tentadoras, não pareceram tentadoras mais, ficou muito fácil virar as costas e voltar praquela mesa. O caminho agora ficou livre e tranquilo, não pesava mais abrir mão do que ela achava que era liberdade.

A vida tomou outra importância, ela agora não pensa mais só em si. Finalmente deixou de lado o velho egoísmo. Agora ela fala no plural, ela pensa no plural. Os seus passos já não são mais solitários. Ela aprendeu que mais vale acordar, abrir os olhos e dar de cara com os dele te admirando, te amando, que passar os dias  encarando olhos fáceis e frios, que mais vale fazer qualquer coisa, desde dormir num banco de rua esperando amanhecer, até assistir alguma novela na tv, do que fazer os passeios mais caros mas sem que a pessoa que a gente ama estivesse com a gente, ela enfim entendeu que o amor é um cão dos diabos, porque pode dilacerar o peito, pode matar quem o sente, mas é um preço que vale a pena pagar pois nada se compara à beleza que as coisas belas passam a ter depois que as olhamos com olhos apaixonados. Desde que o amor chegou, e veio acompanhado dele, os dias já não são mais os mesmos. 

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Eu quero uma casa no campo...

Olhando a chuva que caía mais cedo, que molhava a rosa e dava à sua cor uma tonalidade diferente do sol, eu entendi que é na simplicidade da vida que está a possibilidade de ser feliz.  Tantas vezes ao caminhar apressada pelas ruas, com mil coisas na cabeça, com balancetes pra fechar, com relatórios pra fazer, e via uma pessoa andando calmamente, até atrapalhando minha corrida pra chegar antes do banco fechar, eu ficava me perguntando como essas pessoas conseguiam levar a vida assim, nessa calma toda. E outras tantas vezes que me colocava no topo do meu orgulho acadêmico e achava que eu era melhor que os outros porque eu lia Nietzsche e quando trombava numa pessoa simples e humilde, ficava me perguntando como ela conseguia viver sem nunca ter lido nada do tipo, sem questionar o porque da existência, o porque do mundo e da sociedade serem o que é.

Quanta prepotência! E quem precisa de faculdade pra ser feliz? As pessoas de lá costumam trazer uma complexidade tão grande à vida, abrem mão de valores vitais porque acham que isso é uma imposição social, destroem os pilares que sustentam a fé porque acham que isso é ignorância, criticam tanto, questionam tanto, que se esquecem de colocar outra coisa no lugar. Ficam vazias, perdidas, acham que recitar frases prontas e citar autores semidesconhecidos é mais importante do que sentir, do que cultivar gestos simples. Não é a toa que suicídios são tão comuns, que depressivos são tantos. Conhecimento nunca foi sabedoria.

E agora que estou de férias disso tudo, encontrei alegria em poder fazer um suco natural, andar descalça, curtir meu cachorro, gastar horas arrumando os armários, ler coisas fúteis, tomar uma cerveja em plena tarde no meio da semana, ouvir música pelo simples prazer que ela me dá.

Dias bons viu.